Resenha: Na Natureza Selvagem de Jon Krakauer

21/08/2017

Ao tomar conhecimento da história de Christopher J. McCandless, logo é comum deparar-se com comparações sobre o filme em que revela o cunho poético- essa é a minha primeira observação que decorro de acordo ao consenso; e, o livro mais símil, tornando- o mais efetivo, o que de nenhuma forma o torna ríspido, muito pelo contrário, pois nos proporciona uma maior proximidade através de relatos tocantes da família, amigos e pessoas que passaram a conhecer Chris durante essa viagem para dentro de si e para o Alasca, além dos fragmentos deixado por Chris, que mesmo pelas páginas, revela um resquício de vida. O livro consegue nos transportar para tudo que Chris viveu e sentiu, ao mesmo tempo que adquirimos uma visão de fora, depois de nos aprofundar na intimidade de Chris e da família McCandless; podemos acompanha-lo desde as particularidades de sua infância. Chris ajudou a escrever a sua aventura com seus sinais e suas próprias palavras em seu sucinto, mas significativo diário transposto no final de um livro, dividindo a sua experiência com olhares críticos de todo o mundo, muitas vezes severos, em outrem, admirados.

Chris optou por uma viagem solitária, mas nos deixou em sua companhia ao mergulharmos em sua história e viajarmos junto com ele, nos caminhos que ele já percorreu.

A volta do autor ao ônibus mágico, local onde Chris faleceu por inanição, foi descrita com tanta proporção e veemência que a cada detalhe pude sentir presença de vida naquele cenário ainda composto pelos poucos pertences do aventureiro, tornando viva também a espera por Chris. O momento de sua morte, foi outro momento que me emocionou, tanto no livro, quanto no filme. No livro contatamos as palavras de Chris que pedia por socorro e que ainda causa o mesmo efeito, como se tudo acontecesse hoje, podendo sentir na pele, em tempo real, o que Chris sofreu.

A partir do livro "Na natureza selvagem", podemos compreender mais de perto os impulsos de Chris e conhece-lo com profundidade, contando com o pensamento flexível e as experiências do autor, estimulado por Chris e sua história, em buscas de respostas para o êxtase e infortúnio de Chris. Jon Krakauer, ainda nos apresenta histórias ímpares de exceções que como Chris, ouviu o chamado da natureza, contribuindo com mais riqueza à busca.

Chris foi corajoso e audacioso ao seguir sozinho um ideal (próprio), recriminado pela sociedade, que até hoje fazem especulações. Desfazendo laços, aclamando riscos, aventura, pequenos (grandiosos) prazeres que fatalmente o levaram a morte, devido a sua extrema e imprudente busca pela autossuficiência, longe da hipocrisia da civilização, suas regras, injustiças e dos provindos suprimentos dela, necessários para sua sobrevivência ao se instalar na selva. Sem a busca intensa do autor, seria muito difícil entender a imprudência de Chris, da qual agora passo a conhecer os outros prazeres que como exceções, levam dentro de si e que os movem, principalmente jovens que anseiam superar seus limites, quando não há limite para um coração aventureiro, que bate mais forte pela sobrevivência, ao contrário do que muitos pensam, o suicídio. Chris, um idealista, romântico, inteligente e promissor, mas que caminhava em direção oposta à civilização, alimentava o seu conhecimento com Tolstói, David Thoreau e outros autores, que deixava indícios de sua castidade. Sensível, internalizava suas angústias e mágoas, desvinculando- se de sua família por não perdoar seu pai quando soube que fora bígamo, a ideia de família tradicional/ comercial se rompeu, embarcou nessa aventura e deixou o pior dela na inconsolável dor causada na família. Seria prepotência, mas me identifico um pouco com Chris, nessa incontrolável busca de si e inconformidade com a civilização.

O livro acompanha a história de Chris com passagens de livros que transpõe essa obsessão pela vida selvagem, a atração pelo Alasca e pela natureza. Algumas são passagens dos livros encontrados juntos ao corpo de Chris, com marcações e anotações feitas por ele. Além de abordar muitas curiosidades, enriquecendo o nosso conhecimento. O livro não apresenta ordem cronológica de capítulos, o que dificultou um pouco a minha memorização, mas ainda sim obtive uma leitura prazerosa.

Resta-nos o sentimento real de uma história com um fim antes da hora, o da perda.

Ficha Técnica

Título em Inglês (Original): Into The Wild

Autor: Jon Krakauer

Categoria: Aventura/ Biografia

Número de áginas: 2016

Idioma: Português

Edição:

Editora: Companhia das Letras

Ano de Publicação da Editora: 1998/SP

Primeiro Ano de Publicação: 1996/ EUA

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